sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sinto muito

Saudade dói, machuca a gente...
Sinto falta de tudo que sonhei
E decepções que causei
Sinto pela falta de cumplicidade
E de tão pouca amizade
Sinto por tanto ressentimento
Quando queria acalento
Sinto por tudo que acabou
E por nada que sobrou
Sinto pelo tempo disperdiçado
Pelo corações enganados
Pelo espaço não respeitado
Sinto saudade do que não aconteceu
Sinto saudade do amor mais sincero
Que você não me deu...
Eu sinto, sinto e muito

Agnes

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cruz e Souza

Anda em mim, soturnamente,
Uma tristeza ociosa
Sem objetivo, latente,
Vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
Ondula, vagueia, oscila
E sobe em nuvens de fumo
E na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
Fico nela meditando
E meditando, por tudo
E em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
De não sei quando nem como...
Flor mortal, que dentro esconde
Sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
Esparsas, indefinidas...
Como almas vagas, desertas
No rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
Diversa de outras tristezas,
Nem da vida nem da morte
Gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
De outros céus, de outras esferas,
De outros límpidos abraços,
De outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
Com volúpias tão sombrias
Que as nossas almas alagam
De estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
Sem origens prolongadas,
Sem saudades deste mundo,
Sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
E acabam na Realidade,
Através do mar tristonho
Desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
Abstrata, como se fosse
A grande alma do Sensível
Magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
Abismo, mistério aflito,
Torturante, formidável...
Ah! tristeza do Infinito!